domingo, 5 de junho de 2011

Satanas

 


Origem e etimologia


A palavra שָטָן (significando adversário, acusador)
assim como o árabe الشيطان (shaitan), derivam da raiz
semítica šṭn, significando ser hostil,
acusar
..[1] O Tanakh utiliza a palavra שָטָן para se referir a
adversários ou opositores no sentido geral assim como opositores espirituais. Já
o Novo Testamento
utiliza o termo como um nome próprio que designa uma entidade sobrenatural que
teria se rebelado contra Deus e que agiria
contra este. Baseia-se em um texto obscuro de Ezequiel, Capítulo 28, Versículos 11 ao 19:


11. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 12. filho do
homem, entoa um cântico fúnebre sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Eis o que diz o
Senhor Javé: Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza
acabada. 13. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas:
sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e
esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas, estavam a teu serviço,
prontos desde o dia em que foste criado. 14. Eras um querubim protetor colocado
sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo. 15. Foste
irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a
iniqüidade apareceu em ti. 16. No desenvolvimento do teu comércio, encheram-se
as tuas entranhas de violência e pecado; por isso eu te bani da montanha de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim protetor, em meio às pedras de fogo. 17. Teu
coração se inflou de orgulho devido à tua beleza, arruinaste a tua sabedoria,
por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra, e dei com isso um espetáculo
aos reis. 18. À força de iniqüidade e de desonestidade no teu comércio,
profanaste os teus santuários; assim, de ti fiz jorrar o fogo que te devorou e
te reduzi a cinza sobre a terra aos olhos dos espectadores. 19. Todos aqueles
que te conheciam entre os povos ficaram estupefatos com o teu destino; acabaste
sendo um objeto de espanto; foste banido para sempre!


O termo grego
Σατανάς aparece na Septuaginta apenas para os adversários humanos. No
caso dos adversários angélicos la palavra grega diabolos é usada. No Novo Testamento os dois
termos são intercambiáveis, embora diabo é usado quatro vezes para os
humanos.



Condição de
existência


Após várias comparações no que se refere as traduções sobre a origem das
palavras Satanás e Diabo, atualmente é consensual entre religiosos seu
significado: acusador ou caluniador para Diabo; e opositor ou adversário para
Satanás. Todavia ainda há divergências sobre sua literal existência; alguns
simplesmente a ignoram, outros fazem demonstrações lógicas de sua existência
dentro dos parâmetros bíblicos, partindo do fato de que a Bíblia o menciona como um ser espiritual, um "anjo
de luz" que tornou-se um rebelde se opondo ao Criador. Em Apocalipse 12:07,
apresenta Satanás como um líder de uma rebelião; no versículo seguinte, denota a
necessidade de que haja retaliação para que tal rebelde seja banido de seu lugar
de origem; no versículo 09, é evidenciado que o rebelde juntamente com seus
comparsas são vencidos e lançados para nosso planeta. Em Apocalipse 12:12,
mostra a alegria do céu (plano espiritual onde vivia Satanás), e a tristeza para
seres humanos influenciados por ele na Terra (onde atua intensamente
Satanás).



Desvendando erros de
escrita


Um dos problemas bíblicos "mais mortais" é o das traduções. Tendo passado por
várias traduções até chegar na versão conhecida atualmente, é evidente que
muitas modificações tenham acontecido; a maioria delas involuntariamente. Uma
delas é a da confusão entre os termos Satanás, Diabo e Lúcifer.


Na íntegra, Satanás é um, Lúcifer é outro. Lúcifer seria o famoso Portador
da Luz (do latim Lux fero), Phosphoros e Hésperos, o planeta Vênus em seus aspectos
matutino e vespertino.


Diabo significa "acusador", do grego
diabolos, e pode se referir genericamente a qualquer pessoa que acusa e
se opõe a outra.


Já Satanás significa "adversário". A Igreja Católica considera Lúcifer como
Satanás, que seria um anjo que se rebelou contra Deus e foi expulso do Céu,
apesar da Bíblia não ter uma passagem que explicite isso. A passagem usada para
justificar a ideia Satanás = Lúcifer é Isaías 14:12 : "Como caíste do
céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?". Trata-se de uma
passagem controversa, pois os judeus consideram essa a passagem sobre o
desaparecimento da estrela Vênus diante da majestosidade do Sol como uma alusão
à crença de que o Império Babilônico desapareceria diante do poder do Deus
Yawveh, e a maioria dos cristãos considera a passagem como referente à queda
física de um anjo, daí denominam Satanás como Lúcifer.



Referências
bíblicas


1Crônicas

Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel. E disse Davi a Joabe e aos maiorais do povo: Ide, numerai a Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a conta para que saiba o número deles.[Capítulo 21:1-2]








Pintura de Gustave Doré baseada na obra Paraíso
Perdido
.

Ora, chegado o dia em que os anjos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. O Senhor perguntou a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, dizendo: De rodear a terra, e de passear por ela. Disse o Senhor a Satanás: Notaste porventura o meu servo , que ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal? Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura Jó teme a Deus debalde? Não o tens protegido de todo lado a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? Tens abençoado a obra de suas mãos, e os seus bens se multiplicam na terra. Mas estende agora a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e ele blasfemará de ti na tua face! Ao que disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo o que ele tem está no teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor. [Capítulo 1:6-12]

Zacarias

E ele mostrou-me o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreenda, ó Satanás, sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo? [Capítulo 3:1-2]

Mateus

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram. [Capítulo 4:1-11]

Apocalipse

E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande corrente na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali fechou-o, e pôs um selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. [Capítulo 20:1-3]

Interpretações

A maioria dos cristãos considera que todas as ocorrências de Satanás na
Bíblia são literais.


Muitos judeus e alguns cristãos consideram que Satanás é uma alegoria. Os
estudiosos identificam a Satanás em Zacarias 3, com os acontecimentos políticos no tempo
de Neemias. Cristadelfianos eles entendem que as tentações
de Cristo são uma parábola, que foi contada por Cristo ele mesmo.[2][3]


Segundo Helena Blavatsky em seu livro Glossario Teosófico


Satã- Certamente não se encontrará, de modo algum, um ponto onde se veja tão
manifestadamente a que absurdos extremos podem levar as interpretações errônias
de idéias e doutrinas primitivas. O Satã da teologia ocidental, com todo o teor
dogmático de tal ficção, é filho de uma interpretação viciosa, que desfigurou
completamente um dos conceitos mais ideais e profundamente filosóficos do
pensamento antigo.


As lendas dos "Anjos Caídos" e das "Guerras no céu" são de origem puramente
pagã e procedem da Índia e da Caldéia. Tais guerras referem-se a lutas de
ajustamento espiritual, cósmico e astronômico, porém principalmente ao mistério
da evolusão do homem, tal como na actualidade. O clero de todas as religiões
dogmáticas considera Satã "Inimigo de Deus", "Anjo Rebelde", "Anjo do Mal" ou
"Espírito das Trevas". Porém, ao deixar de ser considerado segundo o espírito
supersticioso e antifilosófico das Igrejas, Satã converte-se na grandiosa figura
de um personafem que faz do homem terrestre um Homem divino, que lhe dá, durante
todo o dilatado ciclo do Mahâkalpa, a lei do Espírito de Vida que o livra dos
pecados e da ignorância e, portaanto, da morte. (Doutrina Secreta, I, 220). Satã
era um dos "Filhos de Deus" e o mais belo de seus Arcanjos. Nos Purânas o
primeiro "Adversário" em forma humana é Nârada, filho de Brahmâ e um dos maiores
Richis e Yogis, designado pelo sobrenome de "Promovedor de lutas" (Ibid., II,
244). Satã é uno com o Logos (II, 245). O Logos é Sabedoria, porém, ao mesmo
tempo, como adversário da ignorância, é Satã e Lúcifer. Satã é o verdadeiro
criador e benfeitor da humanidade, o Pai espiritual da humanidade, o Heraldo de
Luz, o brilhante Lúcifer, que abriu os olhos do autômato "criado" por Jeová e
conferiu à linhagem humana a imortalidade espiritual.(Ibid., II, 254).
Impulsionado pela lei do Karma e da evolução eterna, o Anjo se encarnou como
homem na Terra, conservando todo o seu saber e conhecimentos divinos (II, 296).
A sabedoria Divina, caindo como um raio (cadebat ut fulgur), avivou a
inteligência daqueles que lutavam contra os demônios da ignorância e
superstição. Satã pode ser considerado alegoricamente como Bem e Sacrifício ze
como Deus da Sabedoria (II, 247). Não é sem razão que foi qualificado como
"Adversário", porque é, como acabamos de dizer, o Deus da Sabedoria e,
especialmente, da Sabedoria Secreta, naturalmente oposta a toda ilusão efêmera
do mundo, incluindo-se nela as religiões dogmáticas e eclesiásticas (Ibid.,
394). Por outro lado, Satã existiu sempre como força antagônica, tal como o
exigem o equilíbrio e harmonia de todas as coisas na Natureza, da mesma forma
que a sombra é necessária pra tornar a luz mais brilhante e a noite para que se
resalte a luz do dia. Deus e Satã: os dois "Supremos" são uma só e a mesma
entidade vista de dois aspectos diferentes. (Ibid., I, 218 e 219). A Igreja,
pois, ao maldizer Satã, maldiz o reflexo cósmico de Deus; anatematiza o Deus que
se manisfesta na Matéria e no mundo objectivo: excreta a Deus ou à Sabedoria
sempre imcompreensível, que se revela como Luz e Sombra, Bem e Mal na Natureza.
Se "Deus" é absoluto, infinito e a Raiz Universal de tudo o que há no Universo,
de onde vem o Mal senão da própria matriz do Absoluto? Assim temos de aceitaar a
emanação do Bem e do Mal, do Agathodaemon e do Kakodaemon como ramos dos mesmo
tronco da Árvore do Ser ou, do contrário, teremos de nos resignar ao absurdo de
crer em dois Absoluto. (Ibid., I, 443). Porém, ao se considerar melhor não há
relalmente mal em si; o Mal é apenas uma força cega antagônica na Natureza; é a
reacção, oposição e contranste; mal para alguns, bem para outros: não há
regeneração nem reconstrução sem destruição. Se a Mal desaparecesse na Terra com
ele desapareceria o Bem.


Uma vez explicadoo significado da alegiria de Satã e a sua hoste, resta dizer
que se recusaram a criar o homem físico só para serem os salvadores directos e
os criadores do Homem divino. Em lugar de ser um mero instrumento cego, impelido
e guiado pela Lei insondável, o Anjo "rebelde" reclamou e exigiu o seu direito
de vontade e juízo independente, seu direito de livre acção e responsabilidade,
uma vez que o homem e o anjo são iguais perante a lei Kármica. (Ibid., I, 215,
216). Até que a Sabedoria descesse do alto para animar a terceira raça e
chamá-la à verdadeira vida consciente a humanidade estava condenada à morte
moral (II, 240)Satã foi denominado "Anjo da Trevas" e isto não deixa de ser
justo no sentido de que a Obscuridade é Luz absoluta, coisa que a teologia
parece ter esquecido. Satã é, finalmente, nossa natureza humana e o próprio
homem, razão pela qual se disse que está próximo do homeme inextricalvelmente
com ele; a única questão é se esse poder encontra-se latente ou activi em nós.
(II, 501.) Qual seria a sorte no mundo se as pessoas tivessem horror maior à
ignorância tenebrosa e ao frio rgoísmo do ao ridículo Satã da teologia! Lúcifer
(Lat)- O planeta Vénus, considerado como brilhante "Estrela Matutina". Antes de
Milton, Lúcifer nunca tinha sido um nome do Diabo. Pelo contrário, visto que no
Apocalipse (XXII, 16) o Salvador creistão faz dizer de si mesmo: Eu sou... a
resplandecente estrela da manhã" ou Lúcifer. Um dos primeiros Papas possuía tal
nome e havia até, no séc. IV, uma seita cristã denominada Luciferianos. [Lúcifer
vem de Luciferus, portador de luz, aquele que ilumina e corresponde exactamente
à palavra grega Phosphoros. A Igraja dá hoje ao Diabo o nome de "trevas",
enquanto que no Livro de Jó chama-se "Filho de Deus", a brilhante Estrela
Matutina", Lúcifer. há toda uma filosofia de artifício dogmático divido ao facto
de que o primeiro Arcanjo que surgiu das profundezas do Caos, foi chamado de Lux
(Lúcifer), o luminoso "Filho da Manhã" ou Aurora Manvatárica. A Igreja
transformou-o em Lúcifer ou Sata, porque é anterior e superior a Jehovah e tinha
de ser sacrificado ao novo dogma (Doutrina Secreta, I, 99-100) Lúcifer é o
portador de luz na nossa Terra, tanto no sentido físico quanto místico.
(Doutrina Secreta, II, 36). Na Antiguidade e na realidade, Lúcifer, ou
Luciferus, é o nome de uma entidade Angélica que preside a Luz da Verdade, o
mesmo que a luz do dia. Lúcifer é a Luz divina e terrestre, o "espírito Santo" e
"Satã" ao mesmo tempo(Idem, II, 539). Está em nós; é a nossa Mente, nosso
Tentador e Redentor, o que nos livra e salva do animalismo puro. Sem este
princípio- emanação da mesma essência do puro e divino princípio Mahat
(Inteligência), que irradia de modo directo da Mente divina - com toda a
certeza, não seríamos superiores aos animais. (Ibidem, II, 540). Lúcifer e o
Verbo sºao um só em seu aspecto dual. Equivale ao Ezanas-Sukra da Índia.

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