domingo, 5 de junho de 2011

O Satanismo

 


O satanismo é uma seita centrada em torno de Satã, seja através de uma divindade
identificada como Satã, seja através da utilização do termo Satã como arquétipo, representando as
forças da natureza, em particular da
natureza humana. A
primeira definição encontra-se no chamado Satanismo tradicional ou Teísta. Ao
contrário, o denominado Satanismo LaVey foca a sua atenção no avanço
epicurista do indivíduo, em
vez de a focar na submissão a uma divindade ou a um conjunto de códigos morais. Contudo,
existem outras formas de satanismo na sociedade contemporânea,
diferentemente da formulação de LaVy.
Origem do termo

O termo Satan originou-se do judaísmo e se expandiu entre cristãos e seguidores do islamismo, chegando desse modo a
disseminar-se entre diferentes culturas. Em hebraico o termo quer dizer adversário, opositor, se
opondo, ir contra.


O termo satanismo foi utilizado pelas religiões abraâmicas para designar
práticas religiosas que consideravam estar em oposição directa do Deus abraamico (o Deus de Abraão).



Nos bastidores da
Corte


Embora possa parecer um pouco improvável, o satanismo foi muito popular e
comum nos séculos XVI e XVII nas cortes européias[1], mesmo com toda
fiscalização da Igreja Católica.


A França, naqueles tempos, tinha um mercado de satanismo lucrativo, existindo
como se fosse uma máfia, que tinha integrantes até nas mais altas rodas
sociais de Paris. Essa máfia,
todavia, foi desarticulada pelas autoridades da cidade, em grande parte graças a
Gabriel Nicolas de la Reynie.


La Reynie começou a desconfiar que existia uma rede alternativa de satanismo
em Paris após prender Louis de
Vanens
, um notório satanista. Ele ficou meses atrás de uma pista da
existência do tal grupo, mas nunca conseguiu provar nada. Todavia, um dia ele
conseguiu prender uma conhecida cartomante, Catherine Deshayes, mais conhecida com La
Voisin. Com ela ele encontrou não apenas artigos que cartomantes normalmente
usam, mas também objetos pretensamente usados em rituais de magia negra, como sangue, terra de cemitério, sêmen, entre outras
coisas.


Quando foi indagada de suas atividades, La Voisin revelou que, além de poções
de amor, ela havia feito diversos abortos para mulheres da mais alta roda
parisiense, sendo que foram supostamente encontrados diversos fetos e bebês
enterrados em seu quintal. Entre vários de seus cúmplices denuciados, um notório
foi Étienne
Guibourg
[2], que segundo ela, era um integrante da
Igreja de Satã, a qual praticava todo tipo de magia e atividades
relacionadas com satanismo.


Umas da clientes de La voisin e do próprio Guibourg era Francisca Atenas
conhecida como Madame de Montespan, uma das favoritas do rei Luis XVI, que
supostamente estava desesperada para se tornar esposa deste. Os primeiros
rituais para Montespan[3], segundo La Voisin, não envolveram sacrificios
de crianças, mas sim de pequenos animais, e certos rituais mágicos. Sobre a
influência de La Voisin, Montespan fazia poções e as colocava na comida do rei,
com testiculos de animais e afins.


Todavia, segundo conta, as intenções de Montespan foram mudando, e os
rituais, que eram de amor, foram mudando para ódio[4], e os rituias foram se
tornando cada vez mais macabros, com a intenção de matar o rei, embora não tenha
havido sucesso. Logo depois do grupo ser descoberto por La Reine, diversas
pessoas foram presas, inclusive Montespan, tendo sido inocentada e passando o
resto de sua vida no interior do pais.[5]



Devido ao fato de o Satanismo Original ser uma doutrina filosófica que
pregava a liberdade individual do ser humano, dentre outras idéias, contrariava
fortemente os dogmas e princípios morais da Igreja Católica. Esta, desde então,
passou a perseguir os adeptos de tal doutrina e a acusá-los de heresias como
adoração ao demônio e prática de orgias sexuais. O argumento utilizado pela
Igreja para consolidar o seu posto teve uma eficiência quase completa. Ainda
assim, alguns grupos satanistas conseguiram preservar suas práticas.



É importante destacar que existem diversas vertentes do Satanismo. As duas
principais são a vertente filosófica, que se limita a
cumprir a doutrina de acordo com certos valores puramente filósoficos, e a vertente
religiosa
, que teve o seu surgimento alguns anos depois que a Igreja
acusou os Satanistas Originais de adoração ao diabo, dentre várias outras. Isso
fez com que certos grupos posteriores pensassem que tal acusação se tratasse de
uma verdade absoluta, e devido a uma certa falta de informação e instrução, tais
grupos passaram desde então a pôr em prática os rituais que pensavam constituir
as práticas do satanismo. Surge então o Satanismo Moderno, com fundamentos
puramente religiosos, dos quais a Igreja os acusava de praticarem, o que não
anula a sua condição de vertente e a existência da vertente
filosófica
.


Um dos pensamentos mais errôneos sobre o Satanismo é acreditar no uso de
fetos e/ou humanos já formados em rituais macabros, para invocação da vida, ou
da morte, ou de quaisquer outras entidades. No século [(xx)] vários
serial-killers usaram equivocadamente o nome do Satanismo para justificar suas
atrocidades, sendo que eles não tinham qualquer ligação com os verdadeiros
satanistas, cuja filosofia poderia superficialmente ser traduzida sob a
expressão "faze o bem ou não faças nada".

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