A
localização da Palestina no encontro de três continentes lhe deu uma
importância estratégica no Velho Mundo de proporções um tanto
superdimensionadas. Circundada pelas grandes potências militares (Egito,
Mesopotâmia, os hititas de Anatólia), aquela faixa de terra era constantemente
alvo das ambições agressivas de outras nações. A invenção de novas armas,
fortificações e táticas exerceram profunda influência sobre outras invenções.
Inovação tática de um lado levava a invenção de contra-armas de outro.
Os três
elementos básicos da arte de guerrear são mobilidade, poder de fogo e
segurança. As armas em si raramente determinavam os resultados da batalha,
particularmente quando ambos os lados estavam competindo equilibradamente.
A habilidade
com que estratégia e tática foram disponibilizadas, o espírito do comandante em
dirigir sua tropa e a precisão com que elas manejam suas armas foram fatores
importantes em muitas batalhas mencionadas na Bíblia. Se bem que a Bíblia deixa
claro que o fator mais decisivo para o sucesso de Israel na guerra foi sua
obediência e a vontade de Deus.
ARMAS DE
ATAQUE
O arsenal de
um comando militar na antiguidade consistia da variedade de armas ofensivas
destinadas a manter o inimigo envolvido a longo, médio e curto prazo. O arco e
o estilingue eram as principais armas desenvolvidas para um conflito de longa
distância, o dardo e a lança para média distância; a espada, o machado e a
clava para curta distância.
ARCO
Os primeiros
arcos eram feitos de uma peça de madeira sazonal. Nenhum tipo de arco de
madeira, entretanto, tinha a leveza, rigidez e elasticidade requerida. Pouco a
pouco pensou-se em combinar diversas madeiras naturais, partes de chifre e
tendões de animal, e chegar-se à construção de um arco que conjugasse todas as
demandas. A composição do arco resultante tornou-se uma arma de suprema
importância. O arco de corda era feito de cipó, corda natural, couro curtido ou
de intestinos de boi ou camelo. O arco era retesado com a mão (II Reis 13:16),
usualmente curvado com o pé, o que requeria força considerável. (II Samuel
22:35; Jeremias 51:3)
FUNDA
Complementando
o arco havia a funda, usada originalmente pelos pastores para afastar animais
que molestassem suas ovelhas (I Samuel 17:40). A funda gradualmente assumiu
importância como uma arma de guerra, sendo sua principal vantagem a
simplicidade. Uma funda não só exigia pequena habilidade técnica para ser
produzida, como as pedras usadas como projéteis estavam disponíveis no chão. Um
fundista treinado podia atirar um míssil a 183 m de distância em qualquer
terreno. A capacidade da funda para atirar em ângulo ascendente numa ladeira
íngreme era particularmente importante num ataque a uma cidade cercada de
fortificações. Sua principal desvantagem era que requeria treino intenso e
experiência para conseguir habilidade no seu uso (Juízes 20:16).
DARDO E
LANÇA
Essas duas
armas eram empregadas para combates de média-distância e eram similares em
aparência, mas diferentes em comprimento e operação. O dardo, geralmente mais
leve e menor que a lança, era usado para lançamento. Parecia um grande arco que
era arremessado com a mão. A lança era similar, porém maior, mais pesada e
empregada inicialmente como uma arma contundente (Números 25:7-8). Os
monumentos militares mais antigos conhecidos mostram que a lança já estava bem
desenvolvida.
ESPADA
Um dos
primeiros objetos feitos de ferro, a espada era empregada para perfurar ou
golpear. A espada perfurante desenvolvida como uma lâmina estreita e longa, se
afinava na ponta para furar o corpo. Suas bordas finas eram tão afiadas que
podiam servir como instrumento de corte. A espada golpeante, por outro lado,
tinha somente uma borda afiada, com a parte mais larga da lâmina não no centro
mas ao longo de sua borda cega. Essa espada era quase sempre curva, dando-lhe
muitas vezes a aparência de uma foice, mas com a borda externa, convexa afiada
como a lâmina cortante. O amplo uso das espadas de lâmina longa naquele tempo,
explicam a frase repetidamente usada na Bíblia para descrever as conquistas de
Josué sobre os cananitas: Josué os atingiu com a borda da espada (Josué 8:24; 10:28-39).
Essa expressão seria imprópria para a ação de uma espada curta, reta e estreita
usada como uma arma contundente. Um excelente exemplar de espada curva foi
encontrado em Gezer na Palestina, no túmulo de um nobre, datando da primeira
metade do século 14 AC. O mesmo tipo de lâmina foi também retratado numa antiga
escultura em marfim de Megido, nos idos do séc 13 AC. Durante aqueles séculos
ocorreram avanços na tecnologia de forjar o ferro, que se refletiram no
desenvolvimento de espadas retas, muito usadas por alguns povos, entre eles os
filisteus. No tempo de Saul, os filisteus usaram sua tecnologia para se
estabelecerem como habitantes da cidade e como presença militar dominante na
terra. Sua superioridade militar baseava-se em carruagens e numa infantaria
equipada com armamentos pessoais de alta qualidade. Supervisionavam
cuidadosamente a forjaria do metal bruto e impediam os israelitas de
desenvolverem suas próprias forjarias (I Samuel 13:19-22). A alternância de
poder dos filisteus para os israelitas não poderia ocorrer a menos que essa
situação se modificasse.
CLAVA E
MACHADO
A clava e o
machado, desenvolvidos como alternativa para a espada antes que o metal bruto
fosse forjado, eram destinados para luta manual. Consistiam de um punho de
madeira comparativamente curto, uma de suas extremidades revestida de uma
cabeça letal feita de pedra ou metal. As armas eram balançadas como um martelo
para obter o efeito de um soco. A cabeça tinha que ser presa fortemente ao
punho para prevenir que se soltasse ou quebrasse. O punho de ambos, tanto da
clava quanto do machado, tinha que ser alargado, estreitando-se em direção à
ponta, para prevenir que a arma escorregasse da mão do guerreiro quando
manuseada. Essas armas eram carregadas na mão ou atadas à cintura através de um
cinto. A clava era usava para surrar e esmagar, o machado para perfurar e
cortar.
PROTEÇÃO
DEFENSIVA
A mobilidade
de um exército e seu poder de fogo estariam seriamente comprometidos, se os
soldados não estivessem individualmente protegidos no campo de batalha.
ESCUDO
Destinado a
estabelecer uma barreira entre o corpo de um soldado e a arma de seu inimigo, o
escudo era um dos mais antigos meios de proteção. No tempo dos juízes e dos
primeiros reis israelitas, importantes guerreiros eram freqüentemente
protegidos por um escudo bem grande. Era carregado num suporte especial que
permanecia sempre do seu lado direito e desprotegido, funcionando como um
guarda-corpo (Juízes 9:54; I Samuel 14:1; 17:7; II Samuel 18:15). O lado
direito de um combatente armado era desprotegido porque ele carregava suas
armas na mão direita e o escudo na esquerda. O suporte do escudo, no entanto,
tinha que ficar no seu lado mais vulnerável - o direito - para protegê-lo (I
Samuel 17:41; Salmo 16:8). Naquele tempo era comum ungir o escudo como parte da
consagração de um guerreiro israelita e suas armas de batalha (II Samuel 1:21).
COURAÇA
A couraça
pessoal protegia o corpo do combatente de ferimento enquanto usava suas mãos
livremente para manejar suas armas. O modelo primitivo de couraça deu origem à
longa armadura. Consistia de uma túnica comprida feita de couro ou alguma fibra
resistente. Era relativamente simples de ser produzida, leve o suficiente para
permitir total mobilidade e oferecia proteção para o peito, abdome, costas,
coxas e pernas. Equipado dessa forma, o soldado precisaria ter somente um
pequeno escudo para proteger os braços e o rosto. Na era do Bronze foi
desenvolvido o casaco de malha, que consistia em centenas de pequenas peças
sobrepostas de metal unidas como escamas de peixe e costuradas na superfície de
uma túnica de tecido ou couro. Antigos documentos afirmam que entre 400 e 600
grandes escamas e muitas centenas de escalas menores eram usadas na produção de
um único couraça. Escamas menores e fileiras mais estreitas eram usadas nas
partes que requeriam mais flexibilidade, como a garganta e o pescoço. A peça
resultante era relativamente flexível, permitindo liberdade de movimento,
enquanto as escamas de metal rígido possibilitavam maior proteção pessoal do
que o couro e a fibra.
CAPACETE
Considerando-se
que a parte mais vulnerável de um soldado em combate era sua cabeça, havia,
desde o fim do quarto milênio AC, preocupação com alguma forma de capacete
protetor. Capacetes de bronze foram usados por Golias e por Saul (I Samuel
17:5, 38). Embora durante séculos fosse equipamento básico para a infantaria
pesada de exércitos estrangeiros, o capacete não parecia ser uma proteção comum
dos soldados do exército israelita durante o período da monarquia unida. Dentre
as reformas militares introduzidas pelo Rei Uzias no séc. IX AC estava a
provisão de capacetes para o exército do reino de Judá (II Crônicas 26:14).
Entretanto,
como a Bíblia deixa claro, Deus é a verdadeira Cabeça e Protetor de seus guerreiros
e quando Israel se esquecia disso, seus soldados eram derrotados.
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