Israel está expulsando palestinos de Jerusalém Oriental, como parte de uma política deliberada que pode constituir crime de guerra, disse uma influente ONG israelense nesta segunda-feira (31).
O Comitê Israelense Contra as Demolições de Casas (CICDC) apresentou suas conclusões à Organização das Nações Unidas (ONU) e exigiu um inquérito, alegando que Israel discrimina os palestinos ao demolir imóveis, revogar vistos de residência e piorar sua qualidade de vida.
"Estamos testemunhando um processo de deslocamento étnico", disse o advogado Michael Sfard, que participou da redação do relatório de 73 páginas. "Israel está manifestadamente e seriamente violando o direito internacional ... e a motivação é demográfica."
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Não houve comentários das autoridades israelenses, exceto por uma nota da prefeitura de Jerusalém, segundo a qual a parte leste da cidade está recebendo investimentos depois de passar anos sendo negligenciada.
"Jerusalém, sob a liderança do prefeito Nir Barkat, investiu uma quantidade de recursos e esforços sem precedentes para melhorar a qualidade de vida dos moradores muçulmanos de Jerusalém, após décadas de negligência das administrações anteriores", disse a nota.
Israel capturou Jerusalém Oriental, inclusive a Cidade Velha, na guerra de 1967 contra os vizinhos árabes. Essa área e aldeias limítrofes da Cisjordânia foram posteriormente anexadas, sem reconhecimento internacional, à prefeitura de Jerusalém, que foi declarada capital única e eterna de Israel.
Os palestinos, no entanto, continuam reivindicando Jerusalém Oriental como capital do seu eventual Estado.
Cerca de 300 mil palestinos vivem em Jerusalém Oriental, representando cerca de 35% da população de toda a cidade. Mas o CICDC disse que Israel impede sistematicamente o desenvolvimento de bairros árabes.
Um terço da área de Jerusalém Oriental foi reservada para a construção de bairros judaicos, e apenas 9% do restante está legalmente disponível para moradias. Todos esses terrenos já estão ocupados, o que inviabiliza a expansão.
"(Os palestinos) não têm opção senão deixar Jerusalém Oriental, construir ilegalmente ou viver em condições assustadoras, superlotadas", disse Emily Schaeffer, coautora do relatório.
Quem sai perde o visto de residência se passar pelo menos sete anos fora. Cerca de 14 mil palestinos perderam o direito à residência entre 1967 e 2010, sendo que metade disso foi desde 2006, disse o CICDC. O visto dá direito a benefícios como saúde e previdência.
Desde que tomou Jerusalém Oriental, Israel demoliu mais de 2.000 casas, sendo 771 desde 2000. Outras 1.500 ordens de demolição estão à espera de serem cumpridas.
"Os palestinos serão na prática deportados de Jerusalém Oriental, não pelo uso de armas ou caminhões, mas por não permitir que eles levem uma vida decente e normal", disse Sfard
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