GALATAS 3:10-14
10 Todos quantos, pois, são das obras da lei
estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que
observar os seus preceitos por eles viverá.
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo,
a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
Pergunta:
Meu querido ouvinte e leitor da palavra de Deus, você esta
convertido, ou não?
Dependendo da sua resposta será a forma que me dirigirei a
você.
Se esqueça que você esta nesta Igreja, ouvindo um pregador
ministrando a palavra de Deus. Mais imagine que estou com você, sentado em sua
sala com sua mão na minha conversando sozinho com você.
E quero mias uma vez na presença de Deus enfatizar minha
pergunta:
Você esta em Cristo ou fora Dele? Ou você é um estrangeiro
longe das promessas do Santo Evangelho? Quero que você na sua mente (consciência)
sem hesitações ou falsas desculpas responda SIM ou NÃO.
Porque de duas coisas uma: Ou você esta sob o peso da cólera
de Deus ou esta livre desta Ira. Não gostaria de ouvir “se” ou “talvez”
Será que você pode dizer com humildade e certeza:
“Eu sei uma coisa, que estava cego e agora vejo. Passei da
morte para vida”
Se você respondeu SIM. A paz do Senhor meu amado irmão.
Mais creio que alguns não puderam dar a mesma resposta, e se
você não pode dar um SIM nesta noite e com você que eu quero falar .
Oração:
Oh Senhor eleva a todos a um estado de reverência e reflexão
de seus próprios pensamentos e sentimentos. Queira nos dar, neste momento,
ouvidos que ouçam, uma memória que retenha e uma consciência que seja tocada
por teu Espírito, pelo amor de Jesus !
- JULGAMENTO
DO ACUSADO
- SUA
SENTENÇA
- ANUNCIAREMOS
A LIBERTAÇÃO.
Primeiro, façamos o JULGAMENTO DO ACUSADO.
I
Meu texto diz assim: maldito todo aquele que não permanece
em todas as coisas escritas no livro da Lei para as praticar. Homem não
convertido, eu lhe pergunto, você é culpado ou não culpado? Você tem
perseverado em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei? Na verdade,
me parece quase impossível que você ouse sustentar sua inocência; mas quero
supor, por um instante, que você tenha a triste coragem de fazê-lo. Quero supor
que você diga ousadamente: "Sim, eu persevero em todos os mandamentos da
Lei." É o que nós vamos examinar, meu caro ouvinte; e antes de tudo,
permita-me lhe perguntar se você conhece esta lei que você diz cumprir.
Eu vou lhe dar um simples resumo que chamarei exterior, mas
lembre-se que ela possui um sentido interior e espiritual infinitamente mais
amplo que seu sentido literal. Escute então o primeiro mandamento da Lei:
NÃO TERÁS OUTRO DEUS DIANTE DE MIM.
O quê? Você jamais amou outra coisa além de seu Criador?
Você sempre lhe deu o primeiro lugar em suas afeições? Você não tem feito um
Deus de seu ventre, ou de seu comércio, ou de sua família, ou de sua própria
pessoa? Oh! Você certamente não ousará negar que este primeiro mandamento lhe
condena! E o segundo, você o tem obedecido melhor?
NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA, NEM ALGUMA SEMELHANÇA
DO QUE HÁ EM CIMA NOS
CÉUS, OU EM
BAIXO NA TERRA, NEM NAS ÁGUAS DEBAIXO DA TERRA.
O quê! Você jamais se curvou diante da criatura?
Jamais colocou qualquer objeto terrestre no lugar de Deus?
De minha parte, eu lhes declaro para minha vergonha, que tive ídolos em minha
vida; e se sua consciência fala com sinceridade, estou certo que ela lhe dirá
também: "Ó homem! Você tem sido um adorador de Mammon, um adorador de seus
sentidos; você tem se prostrado diante de seu dinheiro e seu ouro; você tem se
inclinado lhes dando honra e dignidade; você tem feito um Deus de sua
intemperança, um Deus de suas cobiças, um Deus de sua impureza, um Deus de seus
prazeres!
E o terceiro mandamento.
NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR TEU DEUS EM VÃO.
Você ousaria sustentar que não o tem violado? Você jamais
proferiu juramentos grosseiros, ou palavras blasfemas; não empregou ao menos
irreverentemente o nome de Deus, em suas conversas comuns? Diga-me: você tem
sempre santificado este nome, três vezes santo? Você nunca o pronunciou sem
necessidade? Você nunca leu o livro de Deus distraidamente e com pressa? Você
nunca escutou a pregação do Evangelho, sem respeito e recolhimento? Oh!
Certamente, aqui também, você tem que se confessar culpado.
E quanto ao quarto mandamento, que trata da observação do
sábado.
LEMBRA-TE DO DIA DE DESCANSO PARA O SANTIFICAR.
Há alguém bastante atrevido para dizer que nunca o
transgrediu? Oh! Homem, ponha então sua mão na boca e reconheça que estes
quatro mandamentos bastariam para lhe convencer do pecado e para despejar sobre
você a justa cólera de Deus !
Mas continuemos nosso exame.
HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE.
O quê! Você pretende não ser culpado neste ponto? Em sua
juventude, você nunca os desobedeceu? Você nunca se rebelou contra o amor de
sua mãe, nem desprezou a autoridade de seu pai? Folheie as páginas de seu
passado. Veja se em sua infância, ou mesmo em sua idade madura, você sempre falou
com seus pais como deveria fazer; veja se você sempre os tratou com a honra que
eles têm direito e que Deus lhe ordenou lhes dar.
NÃO MATARÁS.
É possível, meu caro ouvinte, que você não tenha violado a
letra deste mandamento; é possível que você não tenha tirado a vida a um de
seus semelhantes; mas você nunca se deixou dominar pela cólera? Ora, a Palavra
de Deus declara expressamente que aquele que se encoleriza contra seu irmão, é
um assassino (I Jo 3:15). Julgue, depois disso, se você é ou não culpado.
NÃO COMETERÁS ADULTÉRIO.
Talvez você tenha cometido coisas abomináveis, e esteja
mergulhado hoje mesmo, nas mais vergonhosas luxúrias; mas, admitindo que você
tenha sempre vivido na castidade mais perfeita, você pode dizer, ó meu irmão,
que você não tem nada a lhe reprovar neste mandamento, quando você se coloca na
presença destas solenes palavras do Mestre: qualquer que olhe uma mulher para a
cobiçar, já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5:28). Nenhum
pensamento lascivo atravessou seu espírito? Nenhum desejo impuro manchou sua
imaginação? Oh! Certamente, se sua fronte não é dura como o bronze, se sua
consciência não estiver inteiramente cauterizada, sua resposta a estas questões
não deixaria dúvidas.
NÃO FURTARÁS.
Você jamais roubou alguém? Talvez, nesta manhã mesma, você
tenha cometido um furto, e se encontra aqui, em meio ao povo, ainda com o
produto do seu latrocínio; mas ainda que você seja de uma probidade exemplar,
entretanto, não houve momentos em sua vida, em que você provou um secreto
desejo de enganar seu próximo? Eu vou mais longe – você nunca cometeu, às
escuras e em silêncio,
algumas daquelas fraudes, que mesmo não sendo contrárias às
leis de seu país, não deixam de ser infrações manifestas da santa Lei de Deus?
E quem de nós seria tão audacioso em afirmar que tem
obedecido perfeitamente ao nono mandamento?
NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA TEU PRÓXIMO
Nunca demos ocasião à calúnia? Nós não temos,
freqüentemente, interpretado mal as intenções de nossos semelhantes?
E o último mandamento.
NÃO COBIÇARÁS.
Onde está o homem que não tenha pisado este mandamento com
os pés? Quantas vezes não temos desejado mais do que Deus nos tem dado? Quantas
vezes nossos corações carnais não têm suspirado pelos bens que o Senhor em sua
sabedoria julgou melhor nos recusar? Ah! meus amigos; sustentar nossa inocência
diante da Lei de Deus, não seria isso, lhes pergunto, um ato de verdadeira
loucura? E não lhes parece que a simples leitura desta Lei santa deveria bastar
para extrair de nós, cheios de humilhação e penitência, esta frase: “Nós somos
culpados, Senhor, somos culpados em todos os pontos?”
Mas ouço alguém me dizer: “Não, não quero me reconhecer
culpado. Certamente, não teria a pretensão de perseverar em todas as coisas que
estão escritas no livro da Lei, mas ao menos, fiz o que pude. Isto é falso, ó
homem! Você se engana e mente diante da face de Deus! Não, você não fez tudo
que é possível para perseverar no bem. Em milhares situações de sua vida, você
deveria ter agido melhor do que agiu. O quê! Este homem ousaria afirmar que fez
o possível para agradar a Deus, quando o vejo assentado no banco dos
escarnecedores, e insultar seu Criador até em seu santuário? O quê! Todos que
estamos aqui, não teríamos podido, se tivéssemos querido, resistir àquela
tentação, evitar aquela queda cuja lembrança nos condena? Se nós não fôssemos
livres para escapar do mal, sem dúvida seríamos desculpados ao cair; mas quem
de nós não é forçado a reconhecer que houve em sua vida momentos solenes, nos
quais chamado a escolher entre o bem e o mal, resolutamente escolheu o mal e
virou as costas ao bem, andando assim, sabendo e querendo, no caminho que
conduz ao inferno?”
“Ah! Exclama um outro, é verdade que infrinjo a Lei de Deus,
mas não sou pior do que aqueles que me cercam”. Pobre argumento é este, meu
caro ouvinte, ou melhor, de fato nem pode ser chamado assim. Você não é, assim
creio, pior que o resto dos homens, mas lhe rogo, em que isto lhe é vantagem ?
Será uma coisa menos terrível ser condenado em companhia, ainda que seja, de um
único perdido? Quando, no último dia, Deus disser aos ímpios: Vão, malditos,
para o fogo eterno! Você crê que esta terrível sentença lhe será mais doce,
porque ela será dirigida aos milhares, tanto quanto a você?
Se o Senhor precipitasse uma nação inteira no inferno, cada
indivíduo sentiria tão vivamente o peso desse castigo, como se fosse o único a
carregá-lo. Deus não é como os juízes da terra: se os tribunais fossem
entulhados de acusados, talvez fossem tentados a passar levemente por sobre
mais de um processo; mas o Altíssimo não agirá assim. Infinito em todas as suas
faculdades, o grande número de criminosos não será obstáculo para Deus. Ele se
mostrará tão justo e inflexível com você, como se não existisse outro pecador
como você. Além disso, que você tem, eu rogo, com os pecados de outrem? Você
não é responsável, porque cada um levará seu próprio peso. Deus lhe julgará
segundo suas obras e não segundo as dos outros. As faltas da mulher de vida má,
podem ser mais grosseiras que as suas, mas não se lhe pedirá conta de suas
iniqüidades. O crime do assassino pode revelar muito aos meus olhos sobre suas
próprias transgressões, mas você não será condenado por ele. Fixe bem em seu
espírito, ó homem, que a religião é um negócio entre Deus e você, por isso, lhe
conjuro, olhe seu próprio coração e não o de seu próximo.
Mas ouço outro de meus ouvintes falando assim: “Quanto a
mim, tenho me esforçado muito em guardar os mandamentos de Deus e, em certos
períodos de minha vida, creio que tenho conseguido: isso não é suficiente para
me pôr ao abrigo da maldição?” Para responder, meu irmão, permita-me outra vez
ler a sentença contida em meu texto: “Maldito todo aquele que não permanecer em
todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” Ah! Você
não se convence que o Senhor jamais confunde as cores agitadas de uma
irresolução mórbida com a santidade e obediência? Não será uma observação
passageira e intermitente destes mandamentos que ele aceitará no dia do juízo;
não, é preciso perseverar em fazer sua vontade. Se então, desde minha mais
tenra infância, até a hora em que meus cabelos brancos descerem ao sepulcro,
minha vida não for um incessante cumprimento da Lei de Deus, eu serei
condenado! Se desde o instante em que minha inteligência recebe seus primeiros
raios de luz, eu me torno um ser responsável, até o dia em que, como uma espiga
madura, eu sou recolhido nos celeiros eternos, eu não observei em sua inteireza
todas as ordenanças de meu Mestre, a salvação pelas obras é impossível para
mim, e estarei infalivelmente perdido!
Então, não espere, ó homem, que uma obediência vacilante e
sem conseqüência salvará sua alma. Você não perseverou em todas as coisas que
estão escritas no livro da Lei. Por conseqüência, você está condenado.
Mas outro objeta – “se há vários pontos da Lei que
transgredi, não quer dizer que eu seja menos virtuoso”. Eu concordo, meu irmão.
Quero supor que de fato você tem sido um modelo de virtude; eu quero supor que
você é puro de muitos vícios. Mas releia meu texto (e lembre-se que não é minha
palavra, mas a palavra de Deus que você vai ler). “Maldito todo aquele que não
perseverar em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei.” Note que não
está dito para perseverar em algumas coisas, mas em todas as coisas.
Ora, eu lhe pergunto, você tem praticado todas as virtudes?
Você tem evitado todos os vícios? Você diz, talvez, para sua defesa: “Eu não
sou um intemperante.” Que seja. Mas você não será menos condenado, se você tem
sido um fornicário. “Eu jamais cometi impureza”, você grita. Que seja ainda.
Mas se você tem profanado o sábado, você tem incorrido em maldição. Você me
responde que também nisto você não pode ser reprovado? Eu replico que se você
tem tomado o nome de Deus em vão, esta única transgressão basta para lhe
condenar. Sobre um ponto ou outro, a Lei de Deus lhe atingirá indubitavelmente.
Mas há mais – não somente afirmo (e estou certo que sua consciência confirma
também) que você não tem perseverado em todas as coisas que estão escritas na
Lei, mas ainda sustento que você não tem perseverado em guardar em sua
inteireza um único dos mandamentos de Deus. O mandamento é de uma grande
amplitude, disse o salmista (Sl 109:96), e nenhum homem sobre a terra conseguiu
sondar sua profundidade. Não é apenas o ato exterior que nos deixa passíveis da
condenação eterna, mas o pensamento, a imaginação, a concepção do pecado,
bastam para fazer perder a alma. E lembrem-se, meus caros amigos, que esta
doutrina, que pode, eu concordo, lhes parecer dura, não é minha – ela é de
Deus.
Se vocês nunca tivessem transgredido a Lei divina, mas se
seus corações têm concebido maus pensamentos ou nutrido maus desejos, vocês
merecem o inferno. Se vocês tivessem vivido desde seu nascimento até hoje, em
um lugar inacessível, longe de qualquer ser humano, e lhes tivesse sido
impossível de fisicamente cometer seja um ato impuro, seja um assassinato, ou
uma injustiça, as imaginações de seus corações depravados, só elas bastariam
para lhes banir para sempre da presença de Deus. Não! Não há uma alma nesta
grande assembléia que possa esperar escapar da condenação da Lei! Todos, desde
o primeiro até o último, devemos nos curvar diante de Deus, e gritar em uma
única voz – “Nós somos culpados, Senhor, nós somos culpados!” Quando eu te
contemplo, ó Lei, minha carne treme, meu espírito fica perdido!
Quando ouço roncar seu trovão, meu coração se derrete como
cera dentro de mim! Como posso suportar tua presença? Como poderei aplacar tua
justiça? Certamente, se no último dia eu tivesse de comparecer a teu tribunal,
não saberia escapar da condenação, porque minha consciência será minha
acusadora!
Mas creio que é supérfluo insistir muito neste ponto. Oh!
Você que está fora de Cristo e sem Deus no mundo, não se convenceu ainda que
você está sob o golpe da cólera divina? Para trás de nós, loucas ilusões! Caí,
máscaras da mentira! Lancemos ao vento nossas vãs desculpas e reconheçamos que
ao menos que nós sejamos cobertos pelo sangue e da justiça de Cristo, a
maldição contida em meu texto, fecha a cada um de nós, individualmente, a porta
dos céus e não nos deixa nada mais a esperar além das chamas da perdição.
II
O acusado é, então, julgado e reconhecido culpado. Agora SUA
SENTENÇA TERÁ DE SER PRONUNCIADA. Em geral, os ministros de Deus amam pouco
esta tarefa.
De minha parte, lhes confesso, preferiria pregar vinte
sermões sobre o amor de Cristo, do que um único como este.
De resto, me é raro escolher assunto como este, visto que
não me parece necessário tratá-lo freqüentemente; entretanto, se nunca o
tratasse, se deixasse sempre as ameaças divinas relegadas a segundo plano,
sinto que meu Mestre não poderia abençoar a pregação de seu Evangelho, porque
Ele quer que a Lei e a graça sejam anunciadas na mesma medida e que cada uma
conserve o lugar que lhe é próprio. Ouçam então, meus irmãos, enquanto que, com
dor na alma eu pronunciarei a sentença levantada contra todos aqueles dentre
vocês que não pertencem a Cristo – Pecador não convertido! Você é maldito!
Maldito neste momento mesmo! Você é maldito não por causa de um auto-denominado
mágico qualquer, cujo pretenso sortilégio só pode despertar medo aos
ignorantes; não por algum monarca terrestre que poderia no máximo fazer perecer
seu corpo e devastar seus bens; mas maldito pelo seu Criador ! Maldito pelo
Monarca dos céus! Maldito! Oh! Que palavra é esta! Que coisa terrível é a
maldição de qualquer parte que ela venha! E a maldição de um pai, como ela deve
ser a mais terrível entre todas! Temos visto pais que, levados ao desespero
pela conduta de um filho rebelde e depravado, têm levantado suas mãos aos céus,
pronunciando sobre o filho a mais terrível das maldições. A Deus não agrada que
eu aprove esse ato! Reconheço, ao contrário, que é tanto temerário quanto
insensato. Mas, qualquer que seja a reprovação com que se possa considerar o
ato em si, não resta menos verdadeiro que a maldição de um pai imprime sobre
aquele que a mereceu, uma vergonhosa, indelével destruição. Oh! Eu sofro só em
pensar o que minha alma provaria se tivesse sido amaldiçoada por aquele que me
gerou! Certamente, meu céu estaria coberto por trevas; o sol não brilharia mais
em minha vida. Mas ser maldito de Deus!...
Oh! Pecadores, as palavras me faltam para lhes falar o que é
esta maldição!...
Mas eu lhes ouço me responder: “Se é verdade que nós temos
incorrido na maldição divina, ao menos não sentiremos seus efeitos durante esta
vida; isso é algo que espera um futuro ainda bem distante, por isso pouco nos
inquieta.” Você se engana, ó alma, você se engana! Desde agora a cólera de Deus
permanece sobre você. Você não conhece ainda, é verdade, a plenitude da
maldição, mas por isso agora mesmo você não é menos maldito. Você ainda não
está no inferno; o Senhor não lhe cerrou definitivamente as entranhas de suas
misericórdias e não lhe rejeitou ainda para sempre; mas você está debaixo do
golpe da Lei. Abra o Livro de Deuteronômio. Leia as ameaças dirigidas ao
pecador, e veja se a maldição de Deus não é ali colocada como algo imediato,
atual, presente. (Deut. 28:15-16). Está escrito que você será maldito na cidade,
isto é, no lugar de sua habitação, de seu trabalho, de seus negócios; você será
maldito nos campos, isto é, nos lugares onde você vai procurar o descanso,
repouso, o prazer; seu cesto será maldito e também sua amassadeira; o fruto de
seu ventre será maldito e o fruto de sua terra; as crias de suas vacas e as
ovelhas de seu rebanho; será em sua entrada e em sua saída! Há homens sobre os
quais a maldição divina parece pesar de uma maneira visível. Tudo o que eles
fazem é amaldiçoado. Se eles adquirem riquezas, a maldição se agarra a elas; se
eles constroem casas, a maldição cai sobre suas casas. Veja o avarento: ele é
amaldiçoado em seus tesouros, porque sua alma está tão corroída
pela ganância e cobiça, que ele não pode desfrutar de seus
tesouros mesmos. Veja o intemperante: seu cesto e sua amassadeira são
literalmente malditas, porque seu palácio, regado de bebidas embriagadoras, não
pode mais usufruir de nenhum alimento. Ele é também maldito em sua entrada e
saída, porque desde quando ele atravessa a soleira de sua própria casa, suas
crianças correm para se esconder, tal o medo que ele lhes inspira. E será
maldito um dia, no fruto do seu ventre, porque quando seus filhos avançarem na
idade, eles seguirão certamente o exemplo de seu pai; eles se darão aos mesmos
excessos de seu pai; eles jurarão como ele jurou; eles se aviltarão como ele se
aviltou. Hoje, o infeliz procura talvez se convencer que pode, sem grande
inconveniente, se embebedar e blasfemar quanto bom lhe pareça; mas que dor
aguda atravessará sua consciência (se ainda lhe resta alguma consciência ...),
quando vir seus filhos andarem sobre suas vergonhosas pegadas ! Sim, repito, a
maldição divina acompanha de uma maneira visível certos vícios; mas ainda que
ela não seja sempre igualmente aparente, na realidade ela não pesa menos sobre
qualquer que seja a transgressão da Lei. Você, então, pecador, que vive sem
Deus, sem Cristo, estranho à graça de Jesus, saiba, você é maldito – maldito
quando se assenta, maldito quando se levanta ! Maldito é o leito onde você
deita; maldito o pão que você come; maldito o ar que você respira! Para você
tudo está amaldiçoado. O que quer que você faça, ou aonde você vá, você é
maldito!...
Oh! Pensamento terrível! Neste momento mesmo, eu não posso
duvidar; eu tenho diante de mim um grande número de criaturas imortais que são
malditas de Deus! Infelizmente! Por que é preciso que um homem fale assim a
seus irmãos? Mas ainda que este dever seja penoso, como ministro de Cristo, eu
tenho de cumpri-lo, sem o que eu seria infiel em relação às suas almas que
perecem. Ah! Queira Deus que haja nesta assembléia alguma pobre alma que, cheia
de pavor, grite: “É verdade então? Eu sou maldito? Maldito de Deus e de seus
santos anjos, maldito sobre a terra e no céu - maldito ! maldito ! Sempre
maldito !” Oh ! Eu estou convencido que se não quisermos levar a sério esta
única palavra –Maldito – não precisará muito para dar o golpe de morte à nossa
indiferença e torpor espirituais!
Mas, tenho mais que isto a lhe dizer, meu querido ouvinte. Se
você é impenitente e incrédulo, devo lhe advertir que a maldição que hoje está
sobre você, não pode em nada ser comparada com aquela que cairá sobre você
depois. Você sabe que em poucos anos nós devemos morrer. Sim, jovem, logo você
e eu envelheceremos; ou talvez bem antes de alcançarmos a velhice, nos
estenderemos sobre nosso leito, para nunca mais nos levantarmos. Nós
acordaremos de nosso último sono, e ouviremos murmurar ao nosso redor que nossa
última hora vai soar. O médico consultará uma última vez nosso pulso, depois
dirá à nossa família amargurada que não há mais esperança! E nós estaremos lá,
deitados, imóveis e sem força. E nada virá romper o silêncio lúgubre do quarto
mortuário; apenas o barulho monótono do relógio ou o choro de nossa mulher e nossos
filhos. E teremos que morrer!... Oh! Que hora solene será quando formos pegos
pelo grande inimigo do gênero humano: a morte!
Já o gemido despedaça nosso peito; é muito se pudermos
articular uma única palavra; nossos olhos se embaçam; a morte pôs seu dedo frio
sobre o calor de nosso corpo e o atingiu para sempre; nossas mãos recusam
levantar-se; estamos à beira
do sepulcro! Momento decisivo, momento solene entre todos os
momentos da vida, é aquele onde a alma entrevê seu destino; onde, como através
das fendas de sua prisão de barro, ela descobre o mundo por vir! Oh! Que língua
humana poderia exprimir o que passará no coração do não convertido, quando ele
estiver diante do tribunal de Deus, e ouvir o estrondo dos raios de sua cólera
eterna em suas orelhas e sentir que entre o inferno e ele, não há mais que um
intervalo de um momento!
Quem poderia descrever o terror inexprimível que tomará os
pecadores, quando se encontrarem na presença das realidades, sobre a existência
das quais não tinham querido crer? Ah! Desprezadores que me escutem! Hoje vocês
podem rir à vontade das coisas de Deus. Vocês podem, saindo deste recinto,
zombar do que acabaram de ouvir, tornar ridículo o pregador e folgar às suas
custas. Mas esperem até quando estiverem sobre o seu leito de morte e vocês não
rirão mais, eu lhes garanto! Agora que a cortina está cerrada, que o futuro
está escondido de seus olhos, lhes é fácil zombar do que virá; mas quando o
Senhor levantar a cortina, e os horizontes eternos se desenrolarem diante de
seus olhos, vocês não terão mais coragem de rir. O rei Acabe, assentado em seu
trono, rodeado de cortesãos, riu do profeta Miquéias; mas não consta que ele
tenha rido do profeta, quando uma flecha inimiga, penetrando por uma emenda de
sua couraça, o feriu mortalmente (I Re 22). Os contemporâneos de Noé riram do
venerável ancião que lhes anunciava que o Eterno haveria de destruir o mundo
por um dilúvio: sem nenhuma dúvida eles o tinham por um sonhador, visionário,
um insensato. Mas em que lhes tornou o seu desdém e sarcasmos, ó céticos,
quando Deus fez descer do céu imensas cataratas, quando as fontes do grande
abismo foram abertas e o mundo foi inteiramente submerso? Então reconheceram,
mas tarde demais, que Noé havia dito a verdade. E vocês mesmos, pecadores que se
encontram neste auditório, quando vocês estiverem no ponto de serem lançados na
eternidade, não creio que rirão ainda de mim e da palavra que lhes anuncio.
Antes dirão a si mesmos: “Eu me lembro daquela época, quando um dia entrei por
curiosidade naquele lugar de culto; eu ouvi um homem que falava de uma maneira
forte e solene; naquele momento não gostei muito; entretanto não poderia negar
o pensamento de que ele me dizia a verdade e que queria o meu bem. Oh! Como não
escutei seus apelos! Como não aproveitei seus avisos! O que não daria para
poder ouvi-lo de novo!”
Há pouco tempo um caso bem parecido veio ao meu
conhecimento. Um homem que muitas vezes me havia coberto de zombarias e
injúrias, tendo partido num domingo para uma viagem de passeio, voltou para sua
casa apenas a tempo de morrer. Na manhã da segunda-feira, sentindo seu fim
aproximar-se, o que você pensa que ele fez? Mandou chamar com pressa o servo de
Deus que lhes fala neste momento, aquele mesmo que ele havia insultado tantas
vezes! Ele queria que ele lhe indicasse o caminho para o céu, que lhe falasse
do Salvador. Eu fui apressadamente e com alegria. Mas infelizmente! Como é
triste a tarefa de falar a um profanador do sábado, a um contendor do
Evangelho, a um homem que passou sua vida a serviço de Satanás e que chega na
sua última hora ! E de fato, o infeliz morreu logo. Ele morreu sem a Bíblia em
sua casa, sem oração pedindo a Deus por sua alma, a não ser aquela que eu
pronunciava na cabeceira de seu leito... Oh! Meus caros amigos, creiam: é uma
coisa terrível morrer sem Salvador! Certa vez, após ter assistido os últimos
momentos de um pobre pecador que tocava a salvação de uma
forma pela qual eu teria pouca esperança, voltei para casa
com a alma quebrada, o coração entristecido, pensando comigo mesmo : “Meu Deus!
Que eu possa pregar as insondáveis riquezas de Cristo a cada hora, a cada
instante do dia, a fim de que as almas possam olhar para Cristo antes de que
lhes seja tarde demais!” Depois, eu pensei no pouco zelo, pouco amor, pouco
fervor com o qual tantas vezes anunciei as misericórdias de meu Mestre, e
chorei – sim, eu chorei amargamente, sentindo que não pressionei as almas como
deveria fazer, ou seja, com insistência e lágrimas, para fugirem da cólera que
há de vir.
A CÓLERA QUE HÁ DE VIR! A CÓLERA QUE HÁ DE VIR! Oh! meus
queridos ouvintes, firmem bem em seus espíritos, eu lhes peço, que esta não é
uma palavra vã. As coisas sobre as quais lhes falo não são nem sonho, nem
fábulas de velhas.
São verdades, e vocês as conhecerão logo, cada um por sua
própria conta. Sim, pecador, você que não tem perseverado em todas as coisas
que estão escritas no livro da Lei, e que não procurou refúgio junto a Cristo,
o dia se aproxima quando as coisas invisíveis se tornarão para você realidades
vivas terríveis. E então, oh ! então, o que você fará ? Após a morte, segue o
julgamento.
Um dia Jesus, do trono de sua Glória, virá julgar os vivos e
os mortos.
Tente imaginar aquele grande e glorioso dia do Senhor. O
relógio do tempo soou sua última hora. As almas dos reprovados vão ouvir sua
sentença definitiva. Seu corpo, ó pecador, é lançado fora do sepulcro; você
desenrola a mortalha e olha ... Mas que barulho terrível é esse? Um barulho
formidável que abala as colunas da terra e faz cambalear até o céu? É a trombeta
do arcanjo, a trombeta do arcanjo que ressoa até às extremidades da terra,
chamando todos os homens para o julgamento! Você ouve e treme. De repente uma
voz se faz ouvir, voz que é saudada por uns com gritos de desespero, por outros
com cantos de alegria. “Eis que ele virá, ele virá, e todo o olho o verá!” E o
trono, branco como alabastro, aparece sobre uma nuvem do céu; e sobre o trono,
assentado alguém envolto em majestade. É Ele! É o Homem que morreu no Calvário!
Eu vejo suas mãos perfuradas, mas que mudança em sua aparência! Nada de coroa
de espinhos. Ele compareceu ao tribunal de Pilatos. Agora o mundo inteiro
comparece ao seu. Mas ouçam! A trombeta soou de novo. O Juiz abre o Livro.
Faz-se silêncio em todo o céu!
A terra está totalmente em silêncio. “Reúnam meus eleitos
dos quatro ventos, meus resgatados das extremidades do mundo.” Também os anjos
obedecem. Como um relâmpago, suas asas separam a multidão. Aqui, estão os
justos, reunidos à direita de seu Mestre; e você, pecador, você é deixado à esquerda.
Você é deixado para suportar o ardor devorador da cólera eterna. As harpas
celestes fazem ouvir doces melodias, mas elas não são doces para você. Os anjos
repetem em coro: “Venham, vocês, benditos do Pai, e possuam por herança o reino
que lhes foi preparado desde a criação do mundo”; mas esta inefável saudação
não lhe diz respeito. E agora, sobre a face do Senhor se acumulam nuvens de
indignação; relâmpago cobre seu rosto; raios jorram de seus olhos. Ele olha
para você que o desprezou; você que brincou com sua graça, que riu de sua
misericórdia, que profanou o dia de seu repouso, que zombou de sua cruz,
que não quis que ele reinasse sobre sua alma! Ele olha para
você, e com uma voz mais tremenda que dez mil trovões, ele grita: “Aparte-se de
mim, maldito!” E depois ... Não! ... Eu não quero lhe seguir mais longe! Não
quero falar nem do verme que nunca morre, nem do fogo que jamais se extingue;
não quero descrever nem os sofrimentos do corpo, nem as torturas da alma. Que
me baste lhes dizer, pecadores não convertidos, que o inferno é terrível, que a
sorte dos reprovados é pavorosa... Oh! Então fujam, fujam da cólera por vir!
Fujam dela sem demora; fujam dela já, pelo medo que sendo surpreendidos pela
morte, vocês não se vejam transportados, de um golpe, para o meio dos horrores
indizíveis da perdição eterna! Maldito todo aquele que não permanece em todas
as coisas escritas no livro da Lei, para praticá-las.
III
Mas, Deus seja louvado, nós temos agora uma tarefa mais doce
a cumprir. Nós viemos, no nome de nosso Mestre, ANUNCIAR A LIBERTAÇÃO a todo
pecador que se arrepende.
Você me diz: “Pregador do Evangelho, você nos condenou a
todos”. Isto é verdade, meus queridos ouvintes. Entretanto, não sou eu, mas
Deus é quem condena. Eu posso dizer diante dos céus: eu lhes amo a todos,
individualmente, como um irmão ama seus irmãos. Se lhes falo com severidade, é
unicamente para o seu bem. Meu coração, minha alma, estão cheios de compaixão
por vocês; e em minhas palavras, aquelas aparentemente mais duras, há na realidade
mais amor que nos discursos agradáveis daqueles que lhes dizem Paz, Paz! Quando
não há paz. Oh! Não creiam que tenho prazer em pregar como fiz hoje. Não, Deus
me é testemunha! Eu prefiro mil vezes lhes alimentar de Jesus, de sua doce e
gloriosa pessoa, de sua graça e de sua justiça perfeita; também, tenho em meu
coração, antes de terminar, de lhes fazer ouvir palavras de paz. Então se
aproxime meu irmão; dê-me sua mão e escute a mensagem da graça que lhe trago.
Você se sente culpado, condenado, maldito? Você diz neste mesmo instante: “Oh,
Deus! Eu reconheço que o senhor será justo em fazer cair sobre mim todo o peso
de sua maldição?” Você compreende que longe de poder ser salvo por causa de
suas obras, você está inteiramente perdido por causa de seus pecados? E você
tem um ódio profundo pelo mal? Você se arrepende sinceramente? Se é assim, cara
alma, deixe-me lhe dizer onde você encontrará a libertação. Homens irmãos!
Saibam todos isto. Jesus Cristo, descendente de Davi, foi crucificado, morto e
enterrado. Agora, ele está ressuscitado, e assentado à direita de Deus de onde
intercede por nós. Ele veio ao mundo para salvar os pecadores pela sua morte.
Vendo que os pobres filhos de Adão estavam sujeitos à maldição, ele mesmo se
encarregou dessa maldição e assim lhes libertou. Se, então, Deus amaldiçoou
Cristo no lugar deste ou daquele homem, é impossível que ele amaldiçoe esse
homem de novo. “Mas Cristo foi amaldiçoado por mim?” – alguém me pergunta. A
isto lhe respondo: Deus o Santo Espírito lhe fez ver seu pecado ? Ele lhe tem
feito sentir toda a amargura? Ele lhe ensinou a dar este grito de humilhação:
Oh, Deus! Tem misericórdia de mim que sou pecador? Se, na sinceridade de seu
coração, você pode responder afirmativamente a estas questões, tenha bom ânimo,
meu muito amado; Cristo foi feito maldição em seu lugar; e se Cristo foi feito
maldito em seu lugar, você não está mais sujeito à maldição. “Mas eu queria ter
certeza - talvez você insista; gostaria de não poder duvidar que Jesus foi
realmente feito maldição por mim.” E por que você duvidaria, meu irmão? Você
não vê Jesus expirando sobre a cruz? Não vê suas mãos e seus pés
ensangüentados? Olhe para Ele, pobre pecador. Não olhe mais para si nem para
suas iniqüidades; olhe para Ele e seja salvo. Tudo o que ele exige de você, é
que você olhe para Ele e por isso mesmo Ele lhe dará a sua segurança. Venha a
Ele, confie e creia. Oh! Eu lhe suplico, aceite com simplicidade e fé esta
declaração da Escritura: é uma coisa certa e digna de ser recebida com inteira
confiança, que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar o pecador.
O quê? Alguém ainda objeta. “Devo crer então, que Jesus
morreu por mim, simplesmente porque eu me sinto pecador?” Justamente, meu
irmão. “Mas no entanto, me parece que, se eu possuísse alguma justiça, se
pudesse fazer belas orações ou boas obras, seria mais direito concluir que
Cristo morreu por mim.” Você se engana, meu irmão, você se engana. A fé que
então você teria, não seria mais a fé; isso seria justiça própria e nada mais.
Uma alma crê em Jesus, quando o pecado lhe parecendo em todo seu negror, ela se
lança simplesmente nos seus braços, e se dá a Ele para a purificar de todas as
suas manchas. Então vá, pobre pecador, como você está, com sua indignidade e
miséria; tome em suas mãos as promessas de Deus, e, ao entrar em sua casa,
procure a solidão de seu quarto. Lá, ajoelhe-se junto ao seu leito, derrame sua
alma diante de Deus. Diga a este Deus que é rico em compaixão e abundante em
misericórdia: “Oh, Senhor! Eu sei que tudo o que acabo de ouvir é verdade. Sim,
eu sou maldito e maldito justamente! Eu sou um pecador que merece a condenação
eterna. E tu sabes, ó Senhor, estas confissões tomam agora em minha boca um
sentido completamente diferente. Ao reconhecer que sou pecador, quero dizer que
sou um verdadeiro pecador. Eu quero dizer que se tu me condenares, eu não teria
nada a dizer, que se tu me separar para sempre de tua presença, eu teria apenas
o que me é devido. Oh, meu Deus ! Teu sustento para comigo me maravilha e me
confunde. Como tu pudeste sofrer por um ser tão vil como eu, que enlameou tanto
tempo a terra ? Senhor, eu zombei de tua graça e desdenhei teu Evangelho. Eu
desprezei as instruções de minha mãe e esqueci das orações de meu pai. Senhor,
eu vivi longe de ti, violei teus sábados, profanei teu santo nome. Eu fiz tudo
que é mal, tudo o que é desagradável aos teus olhos; e se tu me precipitasses
no inferno, eu seria reduzido ao silêncio. Sim, meu Deus, eu sou um pecador. Um
pecador perdido sem socorro, a menos que tu me salves; um pecador sem nenhuma
esperança de salvação, a menos que tu me libertes ! Mas, graças te dou, ó
Senhor, tu sabes que também eu sou um pecador arrependido, acusado em sua
consciência, afligido por causa de suas transgressões. E assim, venho nesta
noite te lembrar o que tu disseste em tua Palavra: Eu não lançarei fora, aquele que
vier a mim; e mais : é uma coisa certa e digna de ser recebida com inteira
confiança, que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. Senhor, eu
venho a ti! Senhor, eu sou um pecador! Jesus veio então para me salvar; Senhor,
eu creio! Eu me confio ao meu Senhor para a vida e para a morte! Eu não tenho
esperança, a não ser nele e odeio até o pensamento que diz que eu
possa encontrar salvação além de tua graça. Salve-me então,
Senhor; e ainda que eu bem saiba que pela minha conduta futura, eu não poderia
jamais conseguir apagar um único de meus pecados passados, quero entretanto te
suplicar, ó meu Deus, que me dês um coração novo e um espírito reto, a fim de
que a partir de hoje e para sempre, eu possa correr no caminho dos teus
mandamentos; porque não tenho desejo maior, que ser santo como tu és santo e de
andar diante de ti como teu filho. Tu sabes, ó Senhor, para ser amado por ti,
eu renunciarei voluntariamente a tudo o que possuo, e ouso esperar que tu me
ames, porque meu coração começa a sentir os abraços do teu amor. Eu sou
culpado, mas nunca teria conhecido minha culpa se tu não a tivesses feito
conhecê-la. Eu sou vil, mas jamais saberia que sou vil, se tu não me tivesses
revelado. Oh! Certamente, meu Deus, tu não me destruirás, após ter começado em
mim tua boa obra.
Diante de ti, eu me envergonho e permaneço confuso!
Mas, Senhor, tua bondade tira minha miséria;
Tu não tens, entre ela e tua cólera,
Posto o amor, a cruz e o sangue de Jesus?
Sim, ore assim, meu mui amado; ou, se você não puder orar
tão longamente, diga estas simples palavras do fundo do coração: “Senhor Jesus,
eu não sou nada! Sejas tu mesmo o meu tudo!”
Oh! Deus permita que haja nesta assembléia algumas almas
que, neste mesmo instante, façam subir este grito em direção ao seu trono! E se
assim for, saltem de alegria, ó céus! Cantem, ó serafins! Rejubilem-se, ó
resgatados! Porque está aqui a obra do Eterno. Que toda a glória seja dada a
seu nome! Amém.
10 Mandamentos
- Não
terás outros deuses diante de mim.
- Não
farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima
nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto;
porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos
pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem e faço misericórdia até
mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
- Não
tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão.
- Lembra-te
do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a
tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás
nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas
para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e
tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou
o dia de sábado e o santificou.
- Honra
teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o
SENHOR, teu Deus, te dá.
- Não
matarás.
- Não
adulterarás.
- Não
furtarás.
- Não
dirás falso testemunho contra o teu próximo.
- Não
cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo,
nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem
coisa alguma que pertença ao teu próximo.